Versos Íntimos

"Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo...". (*Retirado do site: http://www.releituras.com/aanjos_versos.asp).

Ontem pensei muito em Augusto dos Anjos, em especial, no seu poema "Versos Íntimos". Lembrei de um tempo onde eu e Janaína no 1º ano do Ensino Médio ficávamos recitando e rindo. Hoje, eu sei muito bem da verdade crua que esse poema aflora. O poema foi escolhido para o livro "Os 100 Melhores Poemas Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi. Está na página 61. 


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
 

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“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...” (Dostoiévski)