Estas sinistras festas de Natal*

*Texto retirado do site vemelho.org em dezembro de 2010, escrito por Gabriel García Márquez há 30 anos para o jornal El País.


Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei Davi.

Cerca de 954 milhões de cristãos – quase 1 bilhão deles, portanto – acreditam que esse menino era Deus encarnado, mas muitos o celebram como se na verdade não acreditassem nisso. Celebram, além disso, muitos milhões que nunca acreditaram, mas que gostam de festas e muitos outros que estariam dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que ninguém continuasse acreditando. Seria interessante averiguar quantos deles acreditam também no fundo de sua alma que o Natal de agora é uma festa abominável e não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso, mas social.

O mais grave de tudo é o desastre cultural que estas festas de Natal pervertidas estão causando na América Latina. Antes, quando tínhamos apenas costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Jesus era maior que o boi, as casinhas nas colinas eram maiores que a Virgem e ninguém se fixava em anacronismos: a paisagem de Belém era complementada com um trenzinho de arame, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala ou com um guarda de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros em uma esquina de Jerusalém.

Por cima de tudo, se colocava uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era na realidade feio, mas se parecia conosco e claro que era melhor que tantos quadros primitivos mal copiados do alfandegário Rousseau.

A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como acontece na Espanha, com toda razão –, mas pelo menino Jesus. As crianças dormíamos mais cedo para que os brinquedos nos chegassem logo e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos.

No entanto, eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era hora de me revelar a verdade. Foi uma desilusão não apenas porque eu acreditava de verdade que era o menino Jesus que trazia os brinquedos, mas também porque teria gostado de continuar acreditando. Além disso, por uma pura lógica de adulto, eu pensei então que os outros mistérios católicos eram inventados pelos pais para entreter aos filhos e fiquei no limbo.

Naquele dia – como diziam os professores jesuítas na escola primária –, eu perdi a inocência, pois descobri que as crianças tampouco eram trazidas pelas cegonhas desde Paris, que é algo que eu ainda gostaria de continuar acreditando para pensar mais no amor e menos na pílula.

Tudo isso mudou nos últimos 30 anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é, ao mesmo tempo, uma devastadora agressão cultural. O menino Jesus foi destronado pela Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papai Noel dos franceses e aos que conhecemos de mais. Chegou-nos com o trenó levado por um alce e o saco carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve.

Na verdade, este usurpador com nariz de cervejeiro é simplesmente o bom São Nicolau, um santo de quem eu gosto muito e porque é do meu avô o coronel, mas que não tem nada a ver com o Natal e menos ainda com a véspera de Natal tropical da América Latina.

Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu a vários estudantes que haviam sido esquartejados por um urso na neve e por isso era proclamado o patrono das crianças. Mas sua festa é celebrada em 6 de dezembro, e não no dia 25. A lenda se tornou institucional nas províncias germânicas do Norte no final do século 18, junto à árvore dos brinquedos e a pouco mais de cem anos chegou à Grã-Bretanha e à França.

Em seguida, chegou aos Estados Unidos, e estes mandaram a lenda para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético a que muito poucos nos atrevemos a escapar.

No entanto, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram com elas: esses cartões postais indigentes, essas cordinhas de luzes coloridas, esses sinos de vidro, essas coroas de flores penduradas nas portas, essas músicas de idiotas que são traduções malfeitas do inglês e tantas outras gloriosas asneiras para as quais nem sequer valia a pena ter sido inventada a eletricidade.

Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormido na sala.

Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos. A oportunidade providencial de sair finalmente dos compromissos adiados porque indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há 15 anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a exibir.

É a alegria por decreto, o carinho por piedade, o momento de dar presente porque nos dão presentes e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de que os convidados bebam tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho passado.

Não é raro, como aconteceu frequentemente, que a festa acabe a tiros. Nem tampouco é raro que as crianças – vendo tantas coisas atrozes – terminem acreditando de verdade que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas nos Estados Unidos.



Nova Aurora

A NATUREZA CRIADORA E SUA MUSA
O SOL TÍMIDO, ENVERGONHA-SE DELA
DEIXA DE SER UMA ESTRELA E TORNA-SE COADJUVANTE

RENDE-SE A SUA BELEZA IMENSURÁVEL
TORNA-SE O MAIS POBRE DOS POBRES 
PERANTE UMA NOVA AURORA, QUE DESABROCHA PARA OS POETAS

AH! ESCRITORES DO AMOR
NEM A LUA, SE CONFORMA
ELA QUE FOI A MUSA DOS AMANTES
TEME AGORA, EM APARECER

COM O SEU VESTIDO,IRRADIA BELEZA E FORMOSURA
AREIA DA PRAIA? NADA MENOS QUE UM DETALHE!
DESPERTE TODOS OS DIAS
ETERNA NOVA AURORA!!!

marcos antonio oliveira



Fragmentos



"Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas".

MANOEL DE BARROS 
em Livro das Ignorãças.



*** 
"Li em Chestov que 
a partir de Dostoievsky 
os escritores começam a luta 
por destruir a realidade. 
Agora a nossa relidade se desmorona.
Despencam-se deuses, valores, paredes…
Estamos entre ruínas. 
A nós, poetas destes tempos, 
cabe falar dos morcegos 
que voam por dentro dessas ruínas. 
Dos restos humanos 
fazendo discursos sozinhos nas ruas. 
[...] 
Porém a nós, a nós sem dúvida - 
resta falar dos fragmentos, 
do homem fragmentado que, 
perdendo suas crenças, 
perdeu sua unidade interior."

MANOEL DE BARROS 
em Retrato do Artista Quando Coisa

A vida precisa de poesia

Quero sair por aí, sem hora para voltar. Sentir o vento na cara e o corpo cheio de paz. Ver o dia morrer na beira do mar, me embriagar de harmonia. Vale a pena estar em contato com a natureza e tirar dela o melhor. Que o tempo e todas as conveniências parem bem no momento do pico, da alegria, da felicidade, pois além dessa vida burguesa e capitalista, o homem também precisa de poesia, prazer, percepção, sensibilidade, viço... Tudo que um simples olho nu pode captar! Quem sabe seria muito melhor se prestássemos mais atenção e deixássemos de frieza e medo.
Pois felizes são os que se deixam levar, que permitem a reciprocidade e o brilho no olhar.


S.O.S

Você pergunta sobre esta minha cara tensa.
Fico munda, eu sei exatamente o que eu sinto.
Seria egoísmo?
Mudança de postura, pensamentos grandiosos, ideologias fajutas.
Eu ainda não estou preparada! Mas é necessário estar preparada?
Fase de transição, novidade.
Nesse contexto, a novidade não é bem vinda.
Eu, outrora tão dona de mim...
Rendo-me, entrego-me.
Preciso aportar.

Sentido e Palavra


"Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão.
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção."

[danielnacovadosleões/ A legiãourbana]

brilho eterno...

Às vezes, vontade de querer chamar-se Clementine, 
ter o cabelo azul, vermelho ou verde...
recorrer a um experimento e apagar um pedaço da memória. 
Deletar o que não se deve nem se pode lembrar. 
Mas existe uma conexão,
uma rede que nos interliga, sem dimensão, 
mais forte que a própria vontade de esquecer.

O grande galanteador

Eu o admiro muito.
Ele teve opotunidades incríveis, aproveitou todas e nunca deixou-se adaptar. Hoje, conversamos sobre anos 1960/70, música, política e religião. Ele é uma grande influência. O que mais gosto são seus conselhos. Entre eles, o grande galanteador atenta para a satisfação dos meus desejos, que segundo ele, é um direito meu e uma obrigação. Ele fala que eu preciso ter uma casa (isso ja sei que esta mais que na hora), com jardim e filhos, o fato dos "filhos" não quer dizer "casamento". Ele lamentou eu não ter ido para São Luís, que seria uma ótima oportunidade de conhecer algo novo e me falou que eu devo viajar sempre, nada é impossível com planejamento.
Amar, amar pra valer. Mesmo correndo o risco de quebrar a cara, pois a vida sempre reserva boas surpresas. Pessoas incríveis aparecerão e deixarão uma nostalgia, que me fará rir sozinha. Devo ter cuidado para não correr o risco de envelhecer dizendo "Ah, se eu tivesse feito...". 
Sexo sempre, com uma pitada de consciência e responsabilidade. Não se preocupar com o que as pessoas pensam e falam sobre a minha pessoa, afinal elas vão falar mesmo de qualquer jeito, além de inventarem detalhes desnecessários. 
Os manuais falam que devo casar com alguém parecido comigo, segundo ele, isso seria a maior chatisse... se eu for um dia casar, que seja por qualquer outra coisa, menos por segurança, carinho ou status. Nesse caso eu devo pedir ajudar ao meu olfato, rs... que sempre diz a verdade quando o assunto é "o outro". Então aí vai um conselho: acredite no nariz e desconfie da visão, rsrs.
E sempre, sempre... lembre-se dos seus amigos, e respeite e ame seus pais.

Aos 28 do segundo tempo

Bem longe das muralhas invisíveis que cercam a cidade, vou procurar um pouco de ar. Percorro uma estrada quase bucólica, esqueço por minutos quem sou e o que faço. Viajo para acabar com a vontade e com o vazio desnecessário que invadiu essa tarde. Logo à diante esta meu destino, é hora de deixar minhas ilusões para um outro momento.
A casa é simples. Ela assiste um filme bizarro na TV enquanto ele se encarrega de um serviço doméstico. Parecem fadados à rotina, numa monotonia que parece perpetuar-se. Nossas conversas são censuradas, ora pelo meu comportamento e ideias, ora pelo passado obscuro dela. Sussurramos na cozinha intimidades picantes, e no caso dela, segredos que transpareciam um certo saudosismo. Decidi comprar algo para bebermos, ela fez ovos de codorna. A conversa estendeu-se noite à dentro, e todo esse tempo fiquei a observar o seu jeito de sentar, vestir, pentear-se... o jeito de falar da própria vida. Não havia mais viço naquela mulher! Outrora enérgica, cheia de planos, pressa para realizá-los... tudo acabou-se.
E o que lhe resta é a "doce vida" do lar. 
Num instante lembrei daquele fragmento de "On the Road", mas só lembrei.
Enquanto isso, do outro lado da cidade uma mulher diverte-se. Ela bebe vinho às escondidas numa esquina na companhia de um homem interessante e complicadíssimo, ela adora aquele perigo, eles riem, debocham dos outros mortais, evitam ser reconhecidos percorrendo os becos escuros da cidade, ato que desperta ainda mais o prazer de estarem juntos. Aquele pecado faz todo sentido... interessante condição: enquanto praticam a transgressão, o proibido... essa eventualidade torna-se o paraíso. Dois corpos que nada mais querem além de empreender uma fuga daquela vida regrada, exposta, efetiva, "normal", porém... vazia, miserável, carente.
Saí dali mais confusa do que quando cheguei. Aquelas duas vidas se completavam?
Estou aos 28 do segundo tempo. E ainda gosto de observar a vida ao meu redor, talvez já esteja ficando tarde para observa tanto e deixar que minha própria vida passe diante dos meus olhos. Reconheço minha irresponsabilidade e descaso em relação às minhas tomadas de decisão, acontece que hoje eu só quero viver, simplesmente viver, dia após dia.
Sinto que aos poucos, minhas opções de condicionar o que chamam de felicidade, vão se esvaindo. Já nem sei usar a palavra amor. Mesmo assim quero viver "a" história, que pode ser breve ou longa, feia ou bonita, romantizada ou não, mas inesquecível e intensa, com todas as suas dores.

Depois de você.

A tua presença cativa e incomoda.
Imagine os ventos do norte soprando depois de um mergulho no mar:
Primeiro vem o prazer, e depois, ao sair da água, o frio...
O primeiro ato é abraçar-se, mesmo assim o corpo todo treme.
Falta algo.
Isso acontece quando você me deixa,
Quando me solta, quando me deixa à toa...
Que maldade deixar-me tanto tempo longe de você!
Quanto tempo? Sim, uma noite é muito tempo para quem tem vontade.

Depois de você, para quê poetas e canções de amor?
Depois de você, tudo vale a pena,
Tudo faz sentido, tudo é permitido (entre nós dois).

Eu sei.

Quem foi que me deixou no limite do amor? 
Entre o lar e a morada, eu estou entre o adeus e a contrapartida. 
No meio do fio, na corda bamba, é o amor! 
Entre risos nervosos tenho os olhos meus sobre os sonhos teus...
Deixa o coração ter a mania de insistir em ser feliz!
Se o amor é o corte e a cicatriz,
Pra quê tanto medo?
Se esse é o nosso jeito de culpar o desejo...

[M.Y.]
 Algo esta em transformação.

Novembro

Esses dias que perfazem novembro são dias ímpares, talvez os melhores.
O meu novembro tem uma cara de outono, com direito a ventania, folhas secas voando pelas ruas, introspecção e dias nublados. Clima misterioso e acochegante para uma pobre alma sonhadora. Quando um perfume doce atravessa essas tardes, toda vez que sento na calçada e observo o fim do dia, os pássaros voando num céu quase cinza, não há presente mais bonito... e aquela brisa? Tão tímida e gelada! Quando passa, por aqui, abaixo da linha do equador, parece abraçar-me.
Novembro me traz boas lembranças, algumas bem recentes.
Hoje, ou melhor, agora, o máximo que posso fazer é deitar como de costume, olhar pela janela e lembrar de tudo, tudo aquilo que faz a maior diferença pra mim.

Nossas prioridades são efêmeras e mutáveis.
Hoje pensei em te ligar, inventar qualquer pretexto...
pensei em te procurar, fingir uma casualidade...
tentei até fazer versinhos!!! Mas sem sucesso, sou uma tragédia nas rimas...
Talvez um outro dia você me encontre aqui.
Talvez leia esse post e vai saber que
este foi mais um dia em que eu lembrei de você.

Os desenhos de Kurt Halsey

"Vamos fazer isso sempre para sempre."   
"Meu primeiro pensamento é sempre você."

"Os gatos não estão nem aí."


"Todo esse amor..."




 A arte de Kurt Halsey, já foi considerada a mais "blues" da atualidade. 
Seus desenhos, de feições tímidas e quietas apresentam expressividade e um toque de charme.
Ele sabe usar como ninguém a doçura e a inocência para contar as histórias de sofrimento, amor, tristeza, desgosto, confusão e medo que cada um de nós sente em certas situações. Entre outros temas, observa-se claramente a alegria, a preocupação em falhar, o humor, manias e as frustrações do dia-a-dia. Halsey, não poderia expressar melhor essas interações nas relações e o anseio por um amor infinito.

Metade

Hoje amanheceu gostoso.
Foi um bom dia (em se tratando do clima convencional aqui nos trópicos) ... céu nublado, atmosfera tranquila e inspiradora. Resolvi dar um jeito no quarto. Peguei todos os livros que estavam em um outro quarto, empilhados do lado do guarda-roupa, e coloquei todos na escrivaninha. Talvez assim eu desperte aquele velho hábito compulsivo por leitura. Senti falta de alguns livros de Garcia Marquez, encontrei livros que nem lembrava que possuía e que vão me ajudar muito na disciplina Brasil Republicano. Entre os livros, vi meu diário de 1996, foi legal ter reencontrado uma Joyce assumidamente carente e feliz do jeito que dava. A tarde estava doida pra jogar conversa fora, aquele clima nublado, ventinho gelado... pedia um brinde! Fiz algumas visitas sem sucesso, rs.
Agora estou aqui, ouvindo The Rip/Portishead.
É engraçado: bem que eu queria estar aqui... com meus livros, essa música e sentindo uma brisa que entra pela janela que apesar de fria, é acochegante. Pena que nem tudo é como a gente quer, pois eu não estou aqui. Estou percorrendo vielas cheias de lembranças, boca, olhares e cheiro que me inebriam e me encaminham a alguém. Hoje seria um bom dia para encontrar, reencontrar ou descobrir, talvez...
Nós, despreocupados com tudo que da sentido às nossas vidinhas.
Tanta imposição, regras e enfado.
Hoje, ainda é um bom dia para jogarmos tudo pro alto!
Hoje, ainda pode valer à pena...

Eu gosto mais de você...

...do que eu.

Eu já me preparava para dormir, mas derrepente a voz do cara que me fazia companhia disse que se eu fosse à casa do meu bem naquele instante eu o encontraria. Afinal, meu bem estaria sozinho. O estranho é que esse cara considerou algumas suspeitas e isso não foi legal. Fiquei pensando besteira, insegurança terrível! Dei um pulo do saco de dormir, peguei a moto e saí correndo pra casa do meu bem. Mas o pneu furou bem na esquina! Tive que empurrar a moto, praticamente correndo...
Quando cheguei em frente àquela casa, já era madrugada.
Era uma casa bonita, toda em madeira colonial e vitrais com vista para uma natureza exuberante. O quarto dele estava cheio de equipamentos: computadores, caixas de som, vinis e cd's... eu o olhava e não o reconhecia, não era aquele cara legal que eu conheci, existia um sorriso falso e uma ganância no olhar, mais parecia um homem de negócios, atendia clientes e negociava shows e albuns de música. A mãe dele pediu para que eu o procurasse uma outra hora, se "Natalia" ou "Nayara" (Só lembro que o nome era com "n") chegasse, não iria gostar. Nesse momento o caos tomou conta de mim, um vão, uma tespestade, gritos na minha mente, desequilíbrio... ou seja lá o que for! Parecia que uma vida tinha passado diante dos meus olhos e eu não participei de nada! Como se eu fosse comunicada naquele instante de uma vida onde eu era a incoveniência! Meodéls! "o meu bem" nem sequer existia mais!!! O "doce" havia se transformado em "azedo", putz! O que eu fazia ali? Eu ainda vivia uma boa lembrança, ninguém havia me avisado! Descobri que ninguém é o mesmo pra sempre... hora de acordar de um sonho bom.
DOR.
Existia agora um coração dilacerado.
Lembrei daquela história de Camões..."É ferida que dói e não se sente; (...) É dor que desatina sem doer." Aqui, um coração calejado, pede pra se aquietar. Ou qualquer outra coisa pra se entreter. Ás vezes pensamos que estamos fortes e nos comportamos e tomamos deciões precipitadas sem ao menos pensar no que poderia acontecer logo após. Em alguns casos, quando o que sentimos já está intríseco, o que basta só é um tempo. O que seria de mim se não fosse o mal humor, a birra e a chatisse dele? O que seria de mim se não fosse o abraço amigo, a "água-com-açucar" e as piadas sem graças?
"Eu nada seria".
Timidamente queria pronunciar baixinho, pertinho, uma palavra que - ao menos alguns dizem - tem o poder de sintetizar um sentimento, comum entre os amantes. Ultimamente ela anda tão piegas! Mas hoje, ela não cabe mais em mim, o que sinto é muito maior que essa simples palavrinha,
então eu prefiro calar e só olhar.

O pálido ponto azul

Carl Edward Sagan foi um astrônomo e cientista norte-americano, segundo Ann Druyan, ele desempenhou um importante papel na exploração de nosso sistema solar, acrescentando algo a nosso conhecimento das atmosferas dos planetas Vênus e Marte além da Terra. Foi um homem de intelecto incrível, abrindo caminhos a novos ramos de investigação científica, isso atraiu muitas pessoas ao empreendimento científico. Era um cidadão consciencioso tanto da Terra como do cosmo.
Hoje fui envolvida por algo que vi e ouvi: imagens acompanhadas por um texto desse homem, seu texto nos faz deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” introjetada desde a nossa infância e abraçar a vastidão, afinal nós não passamos de micropartículas num pálido ponto azul.

Vale a pena conferir o vídeo.



Sua filha...


Ela não sabe que o homem chegou a lua
Que a vida é um contagem regressiva para a morte
Que Berlim já foi duas
Que na Idade Média a Igreja vendia lugar no céu
Que homens e dinossauros nunca conviveram
Que muitos remédios não curam, mais viciam
Que o voto do povo salvou Barrabás e condenou Jesus
Que o computador foi criado para resolver problemas que não tínhamos
Que o sudeste alaga e o nordeste seca
Que sexo pode ser feito com amor
Que o cientista que inventou a bomba atômica recebeu um prêmio por isso
Que somos divididos em 1º e 3ºmundos
Que fazemos de tudo para não repetir os erros de nossos pais
Que Getúlio saiu da vida para entrar na História
Que esmola é imposto informal da injustiça social
Que somos julgados pela aparência e condenados pela cor da pele
Que o homem ainda não decidiu se veio do macaco ou de Adão e Eva
Que todo Mulçumano deve ir a Meca pelo menos uma vez na vida
Que quem faz aniversario no natal não é o papai noel
Que o cinema já foi mudo
Que existe Aids
Que não tem cura. 


E agora? Quem vai explicar? 

Você ou a vida?


Ontem numa mesa de bar, 
embriagada por uma série de discussões, 
lembrei dessa propaganda muito bacana, veiculada pela GNT.

É por você...



Subitamente, um vazio invadiu a sala. Pelo corredor da casa, curtos passos me levam ao quarto. Ao abrir a porta um vento frio levanta o meu vestido, vou até às janelas e me deparo com um céu cinza. Não sou mais dona de mim. É só o começo do meu dia.
Esse clima instantâneamente o conduziu aos meus pensamentos, afinal, fim de tarde é um bom motivo para tê-lo comigo, deitarmos embalados pela conversa dele que nunca diz respeito ao futuro de nós dois, mas que mesmo assim é deliciosa e cativante.
Escrevo esse texto sentido o cheiro do vento frio,
um cheiro que me faz pensar em tudo que poderia ter acontecido hoje.
Eu não queria aquele desfecho, eu não queria tê-lo deixado ali, no meio da rua.
Eu poderia ter passado o resto do dia com ele, ou melhor
o resto da minha vida! (para ser escancaradamente sincera).
Moço, preste mais atenção: quando eu fico a te olhar, sem falar uma palavra é que eu tô esperando qualquer bandeira, algum sinal teu que possa mudar a situação, mesmo sabendo que independente de tudo, você não iria se importar que é por você e somente por sua causa, que hoje tudo começa a fazer sentido. Algo está acontecendo, eu não sei bem o quê, mas que me deixa feliz pelo simples fato de te ver por perto e principalmente por saber que você gosta de mim, e quando conversamos nos completamos, de uma maneira bonita (que só a gente sabe) somos um do outro. Agora, eu só quero que você esqueça tudo, e aproveite comigo, o melhor dos seus equívocos.

Meia noite é quando começa o dia



Existiu um tempo em que o som e o cheiro do vermelho transtornava a vida de uma garota outrora tão forte, destemida e segura de si. Por culpa do vermelho ela tornou-se um ser sensível e sedenta por migalhas de atenção. São as ciladas do acaso, ou seja, joguinhos interesseiros que começam em minutos de prosa no meio da rua, passam pelos beijos em encontros numa praça e terminam numa cama onde o sexo é apenas uma consequência. 
Estranha condição.

O vermelho é sedutor e cínico. 

Em uma tarde qualquer, ela bateu a porta do carro e prometeu mudar completamente sua vida, caminhava pelas ruas do centro de Parnaíba vestida com seu jeans e uma farda antiga do colégio, tênis gasto, mochila e boné, só pensava em sair daquela cidade e sumir. Enquando o sol ardia naquele instante perturbador, ela sentia calafrios, a boca seca e o coração em farelos. Atravessava a ponte na certeza de que estaria deixando tudo para trás, inclusive o vermelho, o causador de toda dor. A medida em que se afastava, via uma paisagem bucólica, buscava incessantemente o cinza e os tons pasteis de Monet, talvez ali, do outro lado da ponte, estaria um bom lugar pra repousar toda sua dor, bem longe de vermelhos, amarelos e laranjas. Não sentia calor, sentia falta e um desejo desesperado por algo novo, a cada passo que percorria às margens do Igaraçu sentia que poderia mudar, acreditava no novo, próximo. Do lado de lá, via uma Parnaíba metida e mesquinha, com todos os seus hipócritas personagens. Observava e caminhava. Cansada, a boca seca, entrou num bar e bebeu uma água quente como o sol que teimava em brilhar, perguntaram se ela era uma nova moradora por ali, e timidamente mentiu. Antes que lhe enchessem de perguntas, fugiu daquele lugar, e continuou empreendendo sua jornada em busca do novo. Ela só pensava em caminhar, caminhar e escrever. Enfim, bem distante, parou diante de uma lugar lindo: era um antigo casarão, na frente havia uma árvore, arbustos floridos e uma escadaria que dava pro rio. Ali acomodou-se debaixo de um sol escaldante, e com a alma gélida, passou a escrever poemas a tarde inteira. Dor e palavras eram refletidas nas letras do papel sem pauta que em muitos pontos era borrado por suas lágrimas. Subitamente aquele recanto foi invadido, alguém importava-se com ela, isso significou que havia um mundo à sua espera, mais cedo ou mais tarde ela teria que voltar pra casa. Ao entardecer, pegou o primeiro ônibus, mas a volta pra casa implicaria enfrentar o pior, reencontrar aquela cor, vermelho.

Derrepente AZUL! 
Como as paixões e as palavras, tudo se transforma. O que era desasossego, torna-se momentaneamente calmaria. 


ESPERA! Ta ouvindo? 


É aquele som novamente, aquele som vermelho. 
Não importa se é a imensidão do oceano ou se é o fogo, que vai reger a sinfonia de um segundo mágico. Não importa se você é vermelho ou azul. O propósito é mesmo esse: confusão. Sem essa de nome ou sobrenome, não quero saber se você sente o que eu sei que não sente, o vermelho faz esquecer todas essas formalidades. Me queira de qualquer maneira, todos os nossos amores nos conduziram ao mesmo quociente: nossa condição só vai durar o tempo que merecer. Vermelho e azul: paradoxos? 
Na verdade eles são faces da mesma moeda. Flerto com o azul, que não é tão diferente do vermelho. O azul que sempre volta com as mesmas notícias, o azul que era utopia, até que, com seu jeito espalhafatoso, bateu na minha porta. 
E hoje, esse azul é exatamente a distorção.


Não quero saber de previsão.
Eu só preciso dos dias. Sucessivas dádivas.
Seria insanidade brincar de ser feliz?
Há instabilidade e uma alegria volátil. 
Uma cama, uma janela cinza, um relógio mentiroso que marca 21:11.
David Gilmour canta no meu ouvido "On an Island".
Posso ir para qualquer lugar.
Ir embora, escolher à minha própria maneira.
Partir talvez seria a melhor forma de achar o caminho para o seu sorriso
e piorar definitivamente as coisas pra mim.
Algo aqui dentro ainda brilha, então... deixa estar.

Eu também ouço sinais

Telepatia.
Pareço triste.
Eu só pareço... tudo é saudade ou vontade.
Nessas horas eu prefiro a introspecção.
Eu prosa sou muitas, mas comigo, sou tentada.
Estou em busca de algo que não sei exatamente o que é,
talvez isso seja o mal dos modernos,
talvez queira apenas um lugar para meu amor repousar.
O pior é que nem ao menos o primeiro passo consigo dar.
Há pessoas que fingem estar em movimento.
O irônico é que estão exatamente paralisadas.

Diante dos meus olhos vejo a vida apresentar-se muito variada, as pessoas totalmente descompromissadas com a eternidade e em suas caras,
a verdade crua estampada: nada foi feito pra durar.
Lembrei daquele poema de Nei Duclós "Salvação" do livro Outubro, 1975:

"Estar a salvo
não é se salvar.
Como um navegador
que vai até onde dá
você tem que ser livre
para o que pintar.
Nenhuma pessoa é lugar de repouso
juntos chegaremos lá."


"Nenhuma pessoa é lugar de repouso"...

Seriam estas as relações pragmáticas?
Que por serem francas, seriam as mais excitantes?
Não entendo por que estamos nessa procura desenfreada.
Se é excitante, deveria ser o paraíso.
Afinal se você não estiver feliz é só juntar suas coisas e dizer bye, bye.
A verdade é que nem tudo é simples assim,
depois das atitudes impensadas o gosto amargo que fica na boca é bem pior.

"Juntos chegaremos lá" 

Ninguém é fortaleza, ninguém sai tão incólume ao trocar o romantismo pelo ceticismo.
Somos "modernos", mas ainda procuramos alguém pra nos acalentar,
para interromper nossas buscas, alguém para ser nossa pátria.
Não é o ciúme ou a possessividade que mede a grandeza de um sentimento.
São atitudes e gestos que para muitos é perca de tempo ou bobagem. Algo esta acontecendo quando o que mais se quer é estar perto, seja caminhando, seja de madrugada conversando coisas que não tem nada a ver; seja quando um sorriso tímido surge depois de uma briguinha, ou mesmo, como disse o poeta, "ouvimos as estrelas" encarando-as deitados na areia da praia depois de um mergulho.
Mede-se a grandeza de um sentimento em apenas sentir a beleza de estar junto.
É quando temos certeza daquela sensação única e mútua entre duas pessoas, que não estão nem aí para a modernidade, nem para o "Felizes Para Sempre". Fazendo um do outro seu lugar de repouso, alguns chamam isso de trégua, outros de amor.

QUERIDOS IRMÃOS, CANSEI…

... de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia. Cansei de ir a shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares. O governo reduziu os impostos para os computadores. A internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega… Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juros baixos, todo mundo têm carro, até a minha empregada. "É uma vergonha!!!", como diria Boris Casoy. 

Com o Serra, os congestionamentos vão acabar, porque, como em São Paulo, ele vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro. Quero aumento da gasolina na calada da noite. Cansei da moda banalizada. Agora qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo de grifes, agora se vende até na Voluntários da Pátria, na Azenha em POA… Vergonha, vergonha, vergonha… Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou empreendedor (?) no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família, com comprovação de que os filhos frequentam as aulas, onde se viu? Lugar de pivete é na rua, pedindo, assaltando! Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida de poderosos empresários. A coitada da Veja passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo. Cansei dessa história de Prouni, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito… Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça. Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula… Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, têm casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha aqui do prédio vai passar férias no exterior. É o fim… 
Cansei de ler na imprensa internacional que, enquanto no Império a pobreza aumenta, no Brasil, Bolívia, Venezuela, Paraguai e Uruguai a pobreza diminui. Isso é um absurdo histórico! É terrorismo! Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta!!! Certo é Boris Casoy: “lixeiro não tem direito de desejar feliz ano novo….”. Ora, façam-me o favor, usar o evangelho para incriminar e não votar em determinado Partido é simplificar em demasia. 
Paz e Graça
26.09.2010

O nosso amor é nazi-facista,
você se esconde e eu sigo sua pista (...)
O nosso amor é medieval,
é como uma pedra em piso de catedral.
Ontem a noite eu tive um sonho exótico
nós dois por aí transando sexo gótico (...)
O nosso amor é pós-moderno
Eu quero que você se aqueça nesse inverno
Eu tenho andado aéreo como tropas minhas no ataque,
fim de noite fim do mundo lá no fundo do conhaque (...)
O nosso amor é nazi-facista
Eu tento fujir você me conquista (...)

Gessinger / Pitz
Muito afim de ler Dostoievski ou Garcia Marquez. 
Mergulhar num outro mundo, 
me deliciar naquele universo paralelo, 
minuciosamente.

descompasso, desperdício.


Pior que bater sem querer o pé numa pedra e magoar uma ferida, pior que um beliscão, ou uma dor de dente, é a dor que você não sente fisicamente. A dor psicológica, que ataca bruscamente não só uma parte isolada, mas o conjunto: o corpo é todo dor.

No dia-a-dia, vários são os preceitos que podem decepcionar uma pessoa, nada magoa tanto como o que envolve diretamente as relações interpessoais. O ponto em que quero chegar é o fato dessas relações serem tão complexas e nem sempre apresentarem uma sintonia. Dói muito determinadas atitudes de quem você menos espera,(vamos acreditar que às vezes elas sejam "impensadas") principalmente quando se tem a sensação de que você não passa de um fardo, simplesmente você é a causa do cansaço: sua conversa e suas ideias parecem causar fadiga... aliás, totalizando, você até que é suportável, já que algumas vezes serve pra algo.

Existe uma garotinha que é uma eterna aprendiz, cada novo dia uma lição compreendida. Quando certas covenções fizeram-se presente em sua vida, ela teimava em resistir, contornar. Mas a inocência já arrumou de vez as malas, já abriu a porta e nesse momento segue o seu caminho. Somos parecidos com essa garotinha. Cedo ou mais tarde chega o dia em que você vai no jardim procurar o ouro guardado com tanto zelo e tragicamente, até que o encontra bem guardado, o problema é que o ouro na realidade era bijuteria.

A condição que algumas pessoas se sujeitam, me faz crer que o individualismo tem um peso bastante considerável em nossas vidas, e para tudo mudar, ele (o individualismo) deve ser pensado de uma outra forma. Ora, eu acredito que exista um grito preso na garganta de toda pessoa que está afetivamente ligada a alguém. Obviamente, a palavra a ser ressoada, depende do outro.

É ter com quem nos mata lealdade

Hoje o Beija-Flor de Vital Farias apareceu por aqui, me deu um beijo e partiu.
Que Beija-flor malvado! Agora estou numa saudade sem fim.
Fico pensando nas histórias de amor, que participo indiretamente.
Todas com suas peculiaridades valem à pena, apesar de tudo.
E apesar de tudo, façam tudo!
Mesmo correndo o risco de todo esse amor ser parcial. 
Não tenho dúvidas de que o brilho do olhar, a cumplicidade, o cuidado, a atenção
e até mesmo o "eu te amo" dissonante de duas vozes (entre vários outros motivos)
são atitudes que dissolvem e superam qualquer tipo de chateação.
Entendam: o amor é mais e maior que tudo. 
(A visita desse Beija-Flor realmente me causou arroubos! rsrs)
Se não há perdão, se não compreende, se não acredita ou mesmo, 
se não há uma mínima chance... desculpe, mas não é amor.
O Beija-Flor foi-se embora.
E me deixou uma saudade, me deixou um vazio e um beijo, 
que por sinal, ainda tinha o mesmo sabor.
Quando ele voltará? Espero reconhecê-lo.


"Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê"
Vital Farias


Se você me encontrar assim: 
meio distante, torcendo cacho, roendo a mão...
É que eu tô pensando num lugar melhor 
ou eu tô amando, e isso é bem pior!
Se você me encontrar rodando pela casa, 
fumando filtro, roendo a mão...
É que eu não tô sonhando. 
Eu tenho um plano que eu não sei achar.
(...)
Se você me encontrar num bar, desatinado, 
falando alto coisas cruéis...
É que eu tô querendo um cantinho ali 
ou então descolando alguém pra ir dormir.
Mas se eu tiver nos olhos uma luz bonita, 
fica comigo e me faz feliz!
É que eu tô sozinho há tanto tempo!
Que eu me esqueci 
o que é verdade e o que é mentira em volta de mim.

Cazuza / Roberto Frejat
Uma banda de rock brasileiro que faz bonito na minha opinião é Barão Vermelho. A fase Cazuza e depois a voz de Frejat se completam. Decidi ter a discografia. Peguei o 1º álbum e me deparei com a 1ª música: "posando de star", um clássico...

"Pouco importa o que essa gente vá falar mal, falem mal!
eu já tô pra lá de rouco, louco total.
Eu sou o teu amor, me entenda! 

Você precisa descobrir o que está perdendo. É, o que está perdendo! 
Botando banca posando de star...Você precisa é dar-se!
Vem viver comigo, vem me experimentar. Me experimenta!
Solte as coisas lindas que te ardem, me traz.
Você sem texto sem cinema, não faz do sexo um problema.
Eu armo uma cena, é, eu armo uma cena!
Quebro garrafa, morro de chorar...
Mas ainda te faço dar-se!

Tudo que eu quero é uma noite de luar, de luar.
São palavras doces as que eu quero escutar.
Eu sou o seu amor, me entenda!
Você precisa descobrir o que está perdendo. É, o que está perdendo!
Botando banca posando de star
Ah, você precisa é dar-se!"

Eu me rendo à simplicidade.

Ontem Tayse me deu um presente, o filme "O Pequeno Príncipe".
Não consegui assistir até o final, minha sensibilidade estava à flor da pele pra variar, rs.
Fui dar uma volta pra esquecer aquele turbilhão de sensações que o filme me causou.
Procurei ir na casa de uma amiga, mas quem? Desviei a rota, entendi que as coisas só ganham sentido quando se conhece a amizade, e eu reconheci uma ontem, tarde da noite. Antes, fiquei a pensar no meu fatídico domingo. Em cada rua que percorria pela cidade, via muitas pessoas estranhas que me olhavam. Tudo faria sentido se uma única pessoa estivesse ao meu lado, aquela que matém o meu afeto. É estranho pensar nos vários conceitos individualistas quando o próprio sujeito tornar-se individuo somente quando existe o outro. Como ser único se não for para alguém? A individualidade se caracteriza nos detalhes que muitas vezes são esquecidos: o cheiro natural, carinho no cocuruto, cabelos grandes, um pequeno defeito ou mesmo uma mania, são alguns das razões para se considerar alguém único. É a atenção, o cuidado que se dá a algo que o torna diferente dos demais. Se não tivermos tempo para esses comportamentos tão simples e quase imperceptíveis, tudo será desperdiçado, e a pessoa será mais uma entre muitas.

“O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. 

Hoje inesperadamente ganhei uma flor - a flower to a flower - de quem eu gosto. Comecei a carregar um sorriso bobo. Se fosse somente pelo presente em si, este não seria nada além de um rabisco virtual. Poucos são os capazes de desfrutar esses pequenos detalhes, ir além... a maioria das pessoas acabam acreditando que os embrulhos, são o conteúdo que buscam, o mais importante. Pobres criaturas! Portanto, diante das circunstâncias ratifico aquela velha e tão atual frase de Antoine de Saint-Exupéry: "os olhos são cegos. É preciso ver com o coração...”.

Quisera eu...

...saber todos os segredos pra te prender e fortalecer-me com eles.
dominar as palavras certas e me comportar de um modo que te surpreendesse.
chamar tua atenção em pequenos gestos e te encantar a cada encontro.
despertar em ti a vontade de sempre procurar estar perto de mim.
depois de uma longa e gostosa conversa, dormir no teu peito.
velar teu sono. E, depois, te acordar com um beijo.
não me preocupar com a hora de voltar.
deitar contigo na grama à beira daquele riacho.
te encher de alegria, e pra não cair na rotina, te provocar pra depois me perder no teu abraço.
O teu sol não pode parar de refletir o brilho em mim.  
Os domingos são tristes sem você.
Ah! Como eu queria... você. Perto.
Vou fechar os olhos agora, imaginá-lo bem aqui.
Quem sabe pelo menos assim, hoje ao deitar,
eu consiga ter sonhos lindos.

Da paz cansada

-Fala alguma coisa!
-Tô pensando.

Descobrindo a diferença entre melodia e harmonia, o preludio nº5 de Guerra Peixe despertou-me aquela velha sensação de que o acaso está próximo, desejando qualquer palavra, qualquer olhar ou movimento. Interessante sensação. É como se alguém, cúmplice da sorte (ou do que chamam de destino) estivesse terrivelmente ansioso para me tocar. O "alguém" muitas vezes chega bem próximo, sinto a sua presença e às vezes até seu cheiro, mas ele hesita o toque, e some. Isso me deixa vazia e pensativa, talvez não fosse o momento oportuno para o toque, já que tal ato acarretaria mudanças. Que mudanças? Ora... do roteiro fadigado, da monotonia, da felicidade infeliz. Toda essa epopéia, que ocorre em fração de segundos são apenas sinais que ao mesmo tempo acalenta e causa esperança. Esperança não é legal, ela é a primeira que mata e não a última a morrer, além disso, te impõe uma liberdade condicionada, que é o próprio conformismo! Fujamos do amor hábito! 




A Divina Comédia - Inferno: nota Canto VII

Os vencidos pela ira - Luke Chueh 

Almas essencialmente iradas, presas no rio Estige juntas com seus semelhantes que não conseguiram controlar a raiva. São submetidos assim aos efeitos da ira causados por seus semelhantes, e então se mordem, se batem e se torturam. No fundo do Estirge estão os rancorosos que, por nunca terem externado sua ira, não podem subir à superfície e ficam a gorgolar a lama no fundo do rio. 
Aqui, representadas pelo conflito colérico sem sentido entre cães e gatos, aparentemente sem razão.

"Quero ter alguém...

... com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim!

É tempo de ficar atento. Vigiar. Por mais que as relações interpessoais se estreitem, existem coisas que eu ainda não consigo entender. O oportunismo, o fingimento e a dissimulação. Tirar proveito e se apossar de opiniões e convicções de outrem; se passar por confidente, fiel escudeira, descobrir segredos ocultando os próprios sentimentos.
A verdade é que estou muito incomodada.
Fico a martelar: "Eu me enganei!"

A candura desmaterializou-se.

Houve um tempo em que tudo era muito mais bonito! Hoje é incômodo. As circunstâncias fazem com que a situação se acomode. Talvez o problema seja esse meu romantismo demasiado pelas pessoas, acredito na primeira impressão... foi por isso que eu me desarmei, contei todos os meus segredos. Tem certas coisas que doem o coração, uma delas é o desengano. É nessas horas que eu lembro com saudosismo minha Idade Média, onde eu vivia comigo num lugar aquém de todo cinismo, maldade e perversão. Divagações acontecem em qualquer lugar, a qualquer momento. São estalos.
E para você, mulher dissimulada e oportunista, que conta confidências por mais bobas que sejam, lembre-se que a AMIZADE é muito mais. E não há atrativo nenhum nas suas atitudes, você engana-se ao achar que isso é diversão.

It's very nice pra chuchu, Baby!


Gosto dessa foto.
Descobri como e por quem foi fotografada. Fui à Pedra do Sal. Tarde diferente. Me apaixonei pelas pedras de sal naquele dia. Nublado. No caminho de casa ganhei um presente. Eu queria ganhar todos os dias aquele presente. Pra minha sorte, ganhei vários. Andei de mãos dadas; vi a verdade à distância de um beijo. Fui invadida por um sentimento muito louco. Eu me perguntei em várias situações: "Onde eu estava esse tempo todo?" Blusa desbotada, molhada de suor. Viagens. Música alta. Amigos, bebidas, decepções. Música bem alta. Cais do porto e piadas (mesmo quando elas não tem graça). Tarde nublada, de frente pro Igaraçu. Teresina, Barra Grande. Muitas e muitas outras histórias e canções. Hoje, observo o dono da foto cantando pra mim Os Mutantes, deitado no sofá, com aquela mesma expressão de quando eu o conheci. Eu gosto de olhar, principalmente ele, descobrir através de mapas sentimentais, o caminho do inevitável. Eu queria ter ficado ali a tarde toda...
"A voz do anjo sussurrou no meu ouvido", e me falou que eu ainda ia viver muita coisa bonita, eu quero acreditar que é isso aqui. Hoje.

Self Protection

"Sou uma mulher promíscua sim, 
pretendo utilizar o sexo como meio de encontrar 
o que todos buscam: 
reconhecimento, prazer, autoestima 
e por fim, amor e carinho. 
O que há de patológico nisso? 
Se quiser me taxar, vá em frente, eu não me importo. 
Mas saiba que na verdade 
eu sou livre, uma aríete, simplesmente, uma ninfa."
 .



Beleza e solidão: requisitos para a ninfomania?  Eu quero vulgarizar esse termo! 
Seu sentido é completamente deturpado, mais parece uma invenção de homens falsamente pudicos afim de conter o desejo das mulheres. Alguns meses atrás, recebi a dica de um filme chamado originalmente "Diário de una Ninfómana"; um belo filme que nada tem de vulgar, mas certamente, possui cenas impactantes que provocam reflexões, não só pelo erotismo, mas pela dramaticidade e mal estar que nos é acometido. São os instintos de uma bela moça que são expostos de forma humana, crua. A cabeça cheia de ideias, o corpo cheio de desejo e o coração vazio. É uma espécie de guerra entre Id e Superego que tem como estopim os conflitos provocados por um comportamento nada convencional. O que fazer quando se é incompreendido? Quando é incômodo se encaixar nos padrões dessa sociedade mesquinha, vazia, moralista... inútil? É eu sei, é difícil romper paradigmas, mas não é impossível. Gosto daquela citação de Nélson Rodrigues: "Na hora de odiar, ou de matar, ou de morrer, ou simplesmente de pensar os homens se aglomeram. (...) A opinião unânime está a um milímetro do erro, do equívoco, da iniquidade. (...) Toda unanimidade é burra, quem pensa com a unanimidade não precisa pensar". Portanto, desculpe se o meu jeito de ser não condiz com sua cartilha de bom moço... 
Paciência.




Vem amor, 
que um paraíso 
num abraço amigo
sorrirá pra nós
sem ninguém nos ver!
Prometo abrir meu amor macio, 
como uma flor cheia de mel
pra te embriagar
sem ninguém nos ver...
Os Mutantes 





Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. 
Que a liberdade seja a nossa própria substância.
(Simone Beauvoir)
.




7 de setembro

Café.
Puxões de orelha.
Palavras que ferem.
Taciturnos olhos.
Casa de Leandro.
Músicas e vídeos na internet.
Por causa de um chocolate, ganho a confiança de Kayron.
Leandro e eu pelas ruas da cidade.
Banco.
59kg!!!
Pessoas numa van entusiasmadas para o desfile de 7 de setembro.
Encontramos Janaína e Mário.
Água de coco.
Discussão na praça, sorrisos.
Pamela, Patrícia e Thomas chegam.
Várias pessoas esperam o ônibus para a Pedra do Sal.
Compro água com Pamela e Patrícia. 
Ônibus. Clima gostoso.
Praia, mariscos e cerveja.
Mulheres banham no mar.
Crianças compartilham brinquedos.
Tarde. 
Chegam Hyme e Vadinho, 
conversa boa ao som das caixinhas mágicas.
Um séquito de turistas caminham rumo às "pedras de sal".
Pamela adora tomar banho de mar.
Rapazes encenam uma espécie de luta grega na areia da praia.
Música. Fotos.
Espera. Ônibus lotado.
Pamela chora porque Leandro não vem logo.
Pamela dorme no ônibus.
Roupas estendidas no varal. Vento.
Meninos brincam num campo.
Despedida.
Porto das Barcas.
Noite. Frio. Cansaço. Sono.
Banco da sorveteria.
Ligações. Fotos.
Silêncio.
À procura de cerveja.
Pizzaria.
1 cerveja, discussão.
2 cervejas, risos.
Beijos no meio da rua.
Moto-táxi.
Internet.
Cama.

O poder de um sorriso

Leandro salvou minha noite, me mandou um presente cativante.

Eis o presente:


'

Dúvida.

Não sei o que é pior: 
Viver um dia de cada vez,
não ter planos nem perspectivas 
ou acordar de um sonho lindo.
É como se, ao abrir os olhos, eu fosse engolida por um pesadelo
...