Existiu um tempo em que o som e o cheiro do vermelho transtornava a vida de uma garota outrora tão forte, destemida e segura de si. Por culpa do vermelho ela tornou-se um ser sensível e sedenta por migalhas de atenção. São as ciladas do acaso, ou seja, joguinhos interesseiros que começam em minutos de prosa no meio da rua, passam pelos beijos em encontros numa praça e terminam numa cama onde o sexo é apenas uma consequência.
Estranha condição.
O vermelho é sedutor e cínico.
Em uma tarde qualquer, ela bateu a porta do carro e prometeu mudar completamente sua vida, caminhava pelas ruas do centro de Parnaíba vestida com seu jeans e uma farda antiga do colégio, tênis gasto, mochila e boné, só pensava em sair daquela cidade e sumir. Enquando o sol ardia naquele instante perturbador, ela sentia calafrios, a boca seca e o coração em farelos. Atravessava a ponte na certeza de que estaria deixando tudo para trás, inclusive o vermelho, o causador de toda dor. A medida em que se afastava, via uma paisagem bucólica, buscava incessantemente o cinza e os tons pasteis de Monet, talvez ali, do outro lado da ponte, estaria um bom lugar pra repousar toda sua dor, bem longe de vermelhos, amarelos e laranjas. Não sentia calor, sentia falta e um desejo desesperado por algo novo, a cada passo que percorria às margens do Igaraçu sentia que poderia mudar, acreditava no novo, próximo. Do lado de lá, via uma Parnaíba metida e mesquinha, com todos os seus hipócritas personagens. Observava e caminhava. Cansada, a boca seca, entrou num bar e bebeu uma água quente como o sol que teimava em brilhar, perguntaram se ela era uma nova moradora por ali, e timidamente mentiu. Antes que lhe enchessem de perguntas, fugiu daquele lugar, e continuou empreendendo sua jornada em busca do novo. Ela só pensava em caminhar, caminhar e escrever. Enfim, bem distante, parou diante de uma lugar lindo: era um antigo casarão, na frente havia uma árvore, arbustos floridos e uma escadaria que dava pro rio. Ali acomodou-se debaixo de um sol escaldante, e com a alma gélida, passou a escrever poemas a tarde inteira. Dor e palavras eram refletidas nas letras do papel sem pauta que em muitos pontos era borrado por suas lágrimas. Subitamente aquele recanto foi invadido, alguém importava-se com ela, isso significou que havia um mundo à sua espera, mais cedo ou mais tarde ela teria que voltar pra casa. Ao entardecer, pegou o primeiro ônibus, mas a volta pra casa implicaria enfrentar o pior, reencontrar aquela cor, vermelho.
Em uma tarde qualquer, ela bateu a porta do carro e prometeu mudar completamente sua vida, caminhava pelas ruas do centro de Parnaíba vestida com seu jeans e uma farda antiga do colégio, tênis gasto, mochila e boné, só pensava em sair daquela cidade e sumir. Enquando o sol ardia naquele instante perturbador, ela sentia calafrios, a boca seca e o coração em farelos. Atravessava a ponte na certeza de que estaria deixando tudo para trás, inclusive o vermelho, o causador de toda dor. A medida em que se afastava, via uma paisagem bucólica, buscava incessantemente o cinza e os tons pasteis de Monet, talvez ali, do outro lado da ponte, estaria um bom lugar pra repousar toda sua dor, bem longe de vermelhos, amarelos e laranjas. Não sentia calor, sentia falta e um desejo desesperado por algo novo, a cada passo que percorria às margens do Igaraçu sentia que poderia mudar, acreditava no novo, próximo. Do lado de lá, via uma Parnaíba metida e mesquinha, com todos os seus hipócritas personagens. Observava e caminhava. Cansada, a boca seca, entrou num bar e bebeu uma água quente como o sol que teimava em brilhar, perguntaram se ela era uma nova moradora por ali, e timidamente mentiu. Antes que lhe enchessem de perguntas, fugiu daquele lugar, e continuou empreendendo sua jornada em busca do novo. Ela só pensava em caminhar, caminhar e escrever. Enfim, bem distante, parou diante de uma lugar lindo: era um antigo casarão, na frente havia uma árvore, arbustos floridos e uma escadaria que dava pro rio. Ali acomodou-se debaixo de um sol escaldante, e com a alma gélida, passou a escrever poemas a tarde inteira. Dor e palavras eram refletidas nas letras do papel sem pauta que em muitos pontos era borrado por suas lágrimas. Subitamente aquele recanto foi invadido, alguém importava-se com ela, isso significou que havia um mundo à sua espera, mais cedo ou mais tarde ela teria que voltar pra casa. Ao entardecer, pegou o primeiro ônibus, mas a volta pra casa implicaria enfrentar o pior, reencontrar aquela cor, vermelho.
Derrepente AZUL!
Como as paixões e as palavras, tudo se transforma. O que era desasossego, torna-se momentaneamente calmaria.
ESPERA! Ta ouvindo?
É aquele som novamente, aquele som vermelho.
Não importa se é a imensidão do oceano ou se é o fogo, que vai reger a sinfonia de um segundo mágico. Não importa se você é vermelho ou azul. O propósito é mesmo esse: confusão. Sem essa de nome ou sobrenome, não quero saber se você sente o que eu sei que não sente, o vermelho faz esquecer todas essas formalidades. Me queira de qualquer maneira, todos os nossos amores nos conduziram ao mesmo quociente: nossa condição só vai durar o tempo que merecer. Vermelho e azul: paradoxos?
Na verdade eles são faces da mesma moeda. Flerto com o azul, que não é tão diferente do vermelho. O azul que sempre volta com as mesmas notícias, o azul que era utopia, até que, com seu jeito espalhafatoso, bateu na minha porta.
E hoje, esse azul é exatamente a distorção.