Amigos como antigamente.


O que há de mais fascinante nas pessoas? A resposta talvez seja os seus vários “eus”, essa capacidade incrível de mudança, de adaptação. O que seria de nós, meros mortais, se não fosse a capacidade de mudar? Acredito que exista um espectro ou algo indizível, inexplicável que se faz presente entre nós e que, com um sopro, permite que as pessoas possam entrelaçar seus caminhos. Aí esta a maior beleza, os encontros que a vida nos proporciona surpreendentemente. Essa teia invisível, é capaz de no presente, nos fazer voltar ao passado, projetando algo para o futuro. Futuro incerto, aliás.
 Imagine um cara que você nunca viu na vida, bate na porta da sua casa com a desculpa mais esfarrapada do mundo (crie qualquer desculpa esfarrapada). Conversa vai, conversa vem, esse estranho passa a fazer parte da sua vida. Torna-se amigo dos seus amigos, almoça na sua casa e começa a ser o queridinho dos seus pais. Cada encontro um novo prazer, uma ruma de livros (5 ou mais),  ele se torna insubstituível num ritmo alucinante.
"Sobrenaturalmente" o cara some. Ficou um buraco. O jeito foi readaptar-se, hoje sei que sua aparição foi um preparo para aguçar minha percepção diante de certas circunstâncias pela qual eu teria que passar. Confesso que no seu lugar ainda esta um vazio, foi uma amizade inusitada, eu me sentia protegida, assim também com outros amigos que ficaram pelo caminho. Hoje eu senti muita falta do Dodô, Alessandro, Filho, Cau, David, Júnior, Edson e Janaína.
 Amizade real. Contato real. Instantes de sabedoria e amor. Sinto falta das horas inoportunas, das esperas, dos segredos ingênuos, olhar o céu conversando até dormir, dançar num quartinho apertado, das dicas de música e leitura, das confissões tarde da noite, das surpresas e novidades. Ainda bem que eu conheci todos eles, e sou muito feliz por eles terem deixado na minha vida as melhores lembranças, que muitas vezes serviram e ainda servirão, para aquecer meu coração quando eu estiver me sentindo tão sozinha...