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O poema da vez chama-se "EU".
É um dos mais lindos, talvez o melhor poema dela que já li.
Até por que muitas vezes me sinto assim:

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!"

Florbela Espanca

Aqui

Nem sempre o que eu digo ou escrevo é realmente o que sinto ou o que sou ou o que quero ser, eu simplesmente garimpo, sinto. É momento, sensação. Sou o tipo de pessoa que curte, ama, gosta... até as últimas consequências, gosto de viver tudo que tenho pra viver. Até hoje ainda não me arrependi de nada que eu fiz, e se eu passei da conta, me serviu como puro aprendizado. Remoer pra quê? Me preocupar pra quê?
Já sei: Eu tenho que ficar trancafiada, na última torre, do último reino esperando alguém matar o dragão e me salvar... acontece que não sou esse tipo. Sou aquela que vai à qualquer lugar e faz o que quer, quando quer, como quer. Mas eu estou fechada pra balanço e quero atracar em terra firme. Como é próprio do ser humano, da vontade de largar tudo e viver por ai, mesmo que seja uma nova aventura.