Da paz cansada

-Fala alguma coisa!
-Tô pensando.

Descobrindo a diferença entre melodia e harmonia, o preludio nº5 de Guerra Peixe despertou-me aquela velha sensação de que o acaso está próximo, desejando qualquer palavra, qualquer olhar ou movimento. Interessante sensação. É como se alguém, cúmplice da sorte (ou do que chamam de destino) estivesse terrivelmente ansioso para me tocar. O "alguém" muitas vezes chega bem próximo, sinto a sua presença e às vezes até seu cheiro, mas ele hesita o toque, e some. Isso me deixa vazia e pensativa, talvez não fosse o momento oportuno para o toque, já que tal ato acarretaria mudanças. Que mudanças? Ora... do roteiro fadigado, da monotonia, da felicidade infeliz. Toda essa epopéia, que ocorre em fração de segundos são apenas sinais que ao mesmo tempo acalenta e causa esperança. Esperança não é legal, ela é a primeira que mata e não a última a morrer, além disso, te impõe uma liberdade condicionada, que é o próprio conformismo! Fujamos do amor hábito! 




A Divina Comédia - Inferno: nota Canto VII

Os vencidos pela ira - Luke Chueh 

Almas essencialmente iradas, presas no rio Estige juntas com seus semelhantes que não conseguiram controlar a raiva. São submetidos assim aos efeitos da ira causados por seus semelhantes, e então se mordem, se batem e se torturam. No fundo do Estirge estão os rancorosos que, por nunca terem externado sua ira, não podem subir à superfície e ficam a gorgolar a lama no fundo do rio. 
Aqui, representadas pelo conflito colérico sem sentido entre cães e gatos, aparentemente sem razão.

"Quero ter alguém...

... com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim!

É tempo de ficar atento. Vigiar. Por mais que as relações interpessoais se estreitem, existem coisas que eu ainda não consigo entender. O oportunismo, o fingimento e a dissimulação. Tirar proveito e se apossar de opiniões e convicções de outrem; se passar por confidente, fiel escudeira, descobrir segredos ocultando os próprios sentimentos.
A verdade é que estou muito incomodada.
Fico a martelar: "Eu me enganei!"

A candura desmaterializou-se.

Houve um tempo em que tudo era muito mais bonito! Hoje é incômodo. As circunstâncias fazem com que a situação se acomode. Talvez o problema seja esse meu romantismo demasiado pelas pessoas, acredito na primeira impressão... foi por isso que eu me desarmei, contei todos os meus segredos. Tem certas coisas que doem o coração, uma delas é o desengano. É nessas horas que eu lembro com saudosismo minha Idade Média, onde eu vivia comigo num lugar aquém de todo cinismo, maldade e perversão. Divagações acontecem em qualquer lugar, a qualquer momento. São estalos.
E para você, mulher dissimulada e oportunista, que conta confidências por mais bobas que sejam, lembre-se que a AMIZADE é muito mais. E não há atrativo nenhum nas suas atitudes, você engana-se ao achar que isso é diversão.