...do que eu.
Eu já me preparava para dormir, mas derrepente a voz do cara que me fazia companhia disse que se eu fosse à casa do meu bem naquele instante eu o encontraria. Afinal, meu bem estaria sozinho. O estranho é que esse cara considerou algumas suspeitas e isso não foi legal. Fiquei pensando besteira, insegurança terrível! Dei um pulo do saco de dormir, peguei a moto e saí correndo pra casa do meu bem. Mas o pneu furou bem na esquina! Tive que empurrar a moto, praticamente correndo...
Quando cheguei em frente àquela casa, já era madrugada.
Era uma casa bonita, toda em madeira colonial e vitrais com vista para uma natureza exuberante. O quarto dele estava cheio de equipamentos: computadores, caixas de som, vinis e cd's... eu o olhava e não o reconhecia, não era aquele cara legal que eu conheci, existia um sorriso falso e uma ganância no olhar, mais parecia um homem de negócios, atendia clientes e negociava shows e albuns de música. A mãe dele pediu para que eu o procurasse uma outra hora, se "Natalia" ou "Nayara" (Só lembro que o nome era com "n") chegasse, não iria gostar. Nesse momento o caos tomou conta de mim, um vão, uma tespestade, gritos na minha mente, desequilíbrio... ou seja lá o que for! Parecia que uma vida tinha passado diante dos meus olhos e eu não participei de nada! Como se eu fosse comunicada naquele instante de uma vida onde eu era a incoveniência! Meodéls! "o meu bem" nem sequer existia mais!!! O "doce" havia se transformado em "azedo", putz! O que eu fazia ali? Eu ainda vivia uma boa lembrança, ninguém havia me avisado! Descobri que ninguém é o mesmo pra sempre... hora de acordar de um sonho bom.
DOR.
Existia agora um coração dilacerado.
Lembrei daquela história de Camões..."É ferida que dói e não se sente; (...) É dor que desatina sem doer." Aqui, um coração calejado, pede pra se aquietar. Ou qualquer outra coisa pra se entreter. Ás vezes pensamos que estamos fortes e nos comportamos e tomamos deciões precipitadas sem ao menos pensar no que poderia acontecer logo após. Em alguns casos, quando o que sentimos já está intríseco, o que basta só é um tempo. O que seria de mim se não fosse o mal humor, a birra e a chatisse dele? O que seria de mim se não fosse o abraço amigo, a "água-com-açucar" e as piadas sem graças?
"Eu nada seria".
Timidamente queria pronunciar baixinho, pertinho, uma palavra que - ao menos alguns dizem - tem o poder de sintetizar um sentimento, comum entre os amantes. Ultimamente ela anda tão piegas! Mas hoje, ela não cabe mais em mim, o que sinto é muito maior que essa simples palavrinha,
então eu prefiro calar e só olhar.