Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. 
Que a liberdade seja a nossa própria substância.
(Simone Beauvoir)
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7 de setembro

Café.
Puxões de orelha.
Palavras que ferem.
Taciturnos olhos.
Casa de Leandro.
Músicas e vídeos na internet.
Por causa de um chocolate, ganho a confiança de Kayron.
Leandro e eu pelas ruas da cidade.
Banco.
59kg!!!
Pessoas numa van entusiasmadas para o desfile de 7 de setembro.
Encontramos Janaína e Mário.
Água de coco.
Discussão na praça, sorrisos.
Pamela, Patrícia e Thomas chegam.
Várias pessoas esperam o ônibus para a Pedra do Sal.
Compro água com Pamela e Patrícia. 
Ônibus. Clima gostoso.
Praia, mariscos e cerveja.
Mulheres banham no mar.
Crianças compartilham brinquedos.
Tarde. 
Chegam Hyme e Vadinho, 
conversa boa ao som das caixinhas mágicas.
Um séquito de turistas caminham rumo às "pedras de sal".
Pamela adora tomar banho de mar.
Rapazes encenam uma espécie de luta grega na areia da praia.
Música. Fotos.
Espera. Ônibus lotado.
Pamela chora porque Leandro não vem logo.
Pamela dorme no ônibus.
Roupas estendidas no varal. Vento.
Meninos brincam num campo.
Despedida.
Porto das Barcas.
Noite. Frio. Cansaço. Sono.
Banco da sorveteria.
Ligações. Fotos.
Silêncio.
À procura de cerveja.
Pizzaria.
1 cerveja, discussão.
2 cervejas, risos.
Beijos no meio da rua.
Moto-táxi.
Internet.
Cama.

O poder de um sorriso

Leandro salvou minha noite, me mandou um presente cativante.

Eis o presente:


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Dúvida.

Não sei o que é pior: 
Viver um dia de cada vez,
não ter planos nem perspectivas 
ou acordar de um sonho lindo.
É como se, ao abrir os olhos, eu fosse engolida por um pesadelo
...

E só por hoje...

... eu não vou me destruir
Posso até ficar triste se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi.
(legião urbana)


 

Voltei ao Porto. Madrugada. Contemplei o reflexo das luzes, que vinham do lado da Ilha, no rio Igaraçu. Eu poderia ficar ali, olhando o reflexo das luzes por um bom tempo, sozinha, a madrugada inteira. Onde andará aquele artista? Será que vaga por aí? Será que sofre? Será que chora? Ou será que ele dorme embalado por um sonho? O ator que provoca risos, no fundo é tão triste, tão solitário e incompreendido quanto eu. 
Seus trejeitos, seu exagero, sua inteligência, seriam uma fuga?

Obrigada pelo abraço e pelo cuidado. Obrigada por demonstrar nos olhos que gosta de mim, ao ponto de arrancar-me na adversidade um sorriso, pode ter certeza que hoje foi especial, pois tanto eu como você, conversamos francamente. 

Ouvi "só por hoje " bem alto e chorei. 
Quero pensar que a visita da tristeza dure somente esta noite e que mais tarde, quando ela for embora, eu esteja melhor. Ninguém tem nada haver com isso. É hora de arrumar as gavetas, hora de dar um basta, matar ilusões e recomeçar. É minha vida. Minha louca, pobre, mesquinha e vazia vida.

"Como uma pessoa tão linda, tem uma personalidade fortíssima?"


Ao meu ver, não existem regras para tais associações. Aliás, entre os opostos existem uma tênue linha que os separa, às vezes nem isso, já que ninguém é totalmente yin ou yang. Diante dessa pergunta/afirmação pude concluir que as pessoas que não conhecemos bem, são realmente admiráveis, mas veja bem, admiráveis para o bem e para o mal.

Atribuir elogios à pessoas que não conhecemos bem é muito perigoso. É preciso contato, estar junto. E muitas vezes, nem mesmo assim, conhecemos o outro. Mais cedo ou mais tarde nos surpreendemos... Mas pensando bem, nada se compara ao prazer de desvendar o universo particular de alguém interessante. Não consigo discorrer, ou mesmo definir em palavras isoladas o gostinho da descoberta, o prazer em compartilhar com o outro gostos, segredos, vontades, ideias e se divertir com medos, manias...  enfim: ter intimidade. É como se essa intimidade fosse o produto de todo um processo que começa com a novidade, admiração e com o compartilhamento. O desconfortável é que depois de toda essa viagem "por lugares nunca dantes navegados", o pico, ou melhor, a cristalização da descoberta tem um efeito devastador. Com o comodismo tudo perde o sentindo, afinal acabou-se a novidade, a empolgação, o descobrir, e inevitavelmente pessoas que eram tão íntimas saem por aí, se cruzam e não se reconhecem. Os mesmos corpos já não reconhecem o cheiro, a pele, o tato; e quanto aos olhos, as janelas da alma, estão fechados por não possuírem aquele brilho. Viver é uma eterna busca. Quero saber a fórmula do encanto. O que fazer depois do ápice? Me faço muitas perguntas! Afinal as perguntas e as inquietações são as engrenagens de qualquer mudança.
Heráclito escreveu que "Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai". Isso explica tal comportamento, nos moldamos, adaptamos e mudamos... de nome, endereço, amor. Chego a uma conclusão óbvia: criamos expectativas, acreditamos que (dessa vez) vai ser pra sempre, esquecemos tudo para quase morrer de amor e arriscamos tudo por um capricho, por pirraça. Diante disso, acredito que a amizade e o amor são eternos sim, porque eles morrem e renascem em outro corpo.