Tayse.

Hoje eu senti uma saudade maior que eu. Quando entrei em casa e vi a toalha dela, tentei segurar o choro. Mas depois que vi a sandália no cantinho do quarto... Desabei.

Minha história com a Tayse é de amor e ódio. Somos duas criaturas completamente diferentes. Ela é boa demais, compreensiva, apaziguadora, prática... Sempre disposta a ajudar. Eu pelo contrário, sou vingativa, rebelde, revoltada, brigo e me estresso por qualquer motivo, se alguém vacila comigo não tem perdão, eu corto a amizade sumariamente. Somos opostos, e é por isso que a gente se completa.

Um dia, encontrei uma colega dos tempos do colégio, e ela me falou que o pai tinha ido embora, sem se despedir. Fiquei perplexa, ele era um cara bem humorado, gostava de tomar umas e brincar. Ela não gostava muito do comportamento dele e sempre o recriminava. Então pensei, "ela deve estar aliviada". Ledo engano, suas palavras apertaram meu coração, "eu daria tudo para tê-lo do jeito que ele era, beberrão e chato, mas eu queria ele aqui".

Tayse me deixou e foi para Parnaíba. Me deixou nessa cidade vazia e quente... Um tédio.

Hoje, mais do que nunca, eu queria tanto abrir a porta da sala e vê-la seminua com o notebook nas pernas, com a TV ligada, sorrindo sozinha... Hoje, mais do que nunca, queria ouvir Legião Urbana com ela, queria ver o ap desarrumado, panelas sujas no fogao e na pia. Queria ver o vaso cheio de xixi e o banheiro todo molhado. Queria ver roupas espalhadas pelo quarto e pela sala, queria sair à noitinha pra tomar uma cervejinha... Queria a companhia daquela malandra na hora de dormir...

De uma vez por todas eu a amo demais, e eu a odeio, por me deixar sentindo tanta saudade...

Cotidiano

Por que eu devo "assumir" os cachos?
Amigos, o lance comigo é praticidade. Em meio a toda essa onda de ideologias  e "ismos", me perguntei o motivo pela qual eu tenho que seguir um dogma que coloca a mulher numa posição na qual não se pode depilar ou alisar o cabelo. Isso é ser livre? Ser livre é ir contra os padrões? Para mim isso também é escravidão, é agir da mesma forma do lado criticado. Ser livre é poder fazer o que eu quiser, seja me depilar, seja alisar meu cabelo, seja deixar os pelos da perna crescer, seja ser gorda, enfim... Por que eu tenho que radicalizar? Eu apenas quero ser eu e me sentir bem comigo mesmo.

Por que a justiça tem que ser parcial?
Na rodoviária, por causa de um problema no sistema da empresa de ônibus, as passagens estavam sendo vendidas por telefone. Então demorava muuuito! Enquanto eu estava na fila, tinha um cara que ficava o tempo todo xingando as pessoas que demoravam a escolher o horário da viagem e o assento. E quando chegou a vez dele, ele demorou pra caramba, as outras pessoas começaram a reclamar. E para minha surpresa, as pessoas que estavam na fila - dessa vez - tiveram que ter paciência. Quer dizer que ele não pode, mas eu tenho que ter paciência. Acho muito ridículo esse tipo de gente.


Todos somos hipócritas, ninguém é perfeito. Mas acho que se fizéssemos nossa parte respeitando o outro, viver ia ser menos estressante.

Pego um ônibus, o "Universidade", e pelo nome já dá para perceber que a maioria são estudantes. Meninos e meninas cheios de vida, com aquele instinto rebelde e vontade de mudar o mundo. Bem... Percebo que os mesmos que lutam contra a corrupção, contra a injustiça, contra o preconceito e etc. São os mesmos que não fazem sua parte diante da sociedade. Um ato simples: dar a cadeira preferencial para uma grávida ou idoso num ônibus lotado. Pequenas gentilezas que facilitariam tanta coisa... Como disse Gandhi, 'a única revolução possível é dentro de nós.'