Tayse.

Hoje eu senti uma saudade maior que eu. Quando entrei em casa e vi a toalha dela, tentei segurar o choro. Mas depois que vi a sandália no cantinho do quarto... Desabei.

Minha história com a Tayse é de amor e ódio. Somos duas criaturas completamente diferentes. Ela é boa demais, compreensiva, apaziguadora, prática... Sempre disposta a ajudar. Eu pelo contrário, sou vingativa, rebelde, revoltada, brigo e me estresso por qualquer motivo, se alguém vacila comigo não tem perdão, eu corto a amizade sumariamente. Somos opostos, e é por isso que a gente se completa.

Um dia, encontrei uma colega dos tempos do colégio, e ela me falou que o pai tinha ido embora, sem se despedir. Fiquei perplexa, ele era um cara bem humorado, gostava de tomar umas e brincar. Ela não gostava muito do comportamento dele e sempre o recriminava. Então pensei, "ela deve estar aliviada". Ledo engano, suas palavras apertaram meu coração, "eu daria tudo para tê-lo do jeito que ele era, beberrão e chato, mas eu queria ele aqui".

Tayse me deixou e foi para Parnaíba. Me deixou nessa cidade vazia e quente... Um tédio.

Hoje, mais do que nunca, eu queria tanto abrir a porta da sala e vê-la seminua com o notebook nas pernas, com a TV ligada, sorrindo sozinha... Hoje, mais do que nunca, queria ouvir Legião Urbana com ela, queria ver o ap desarrumado, panelas sujas no fogao e na pia. Queria ver o vaso cheio de xixi e o banheiro todo molhado. Queria ver roupas espalhadas pelo quarto e pela sala, queria sair à noitinha pra tomar uma cervejinha... Queria a companhia daquela malandra na hora de dormir...

De uma vez por todas eu a amo demais, e eu a odeio, por me deixar sentindo tanta saudade...