Da paz cansada

-Fala alguma coisa!
-Tô pensando.

Descobrindo a diferença entre melodia e harmonia, o preludio nº5 de Guerra Peixe despertou-me aquela velha sensação de que o acaso está próximo, desejando qualquer palavra, qualquer olhar ou movimento. Interessante sensação. É como se alguém, cúmplice da sorte (ou do que chamam de destino) estivesse terrivelmente ansioso para me tocar. O "alguém" muitas vezes chega bem próximo, sinto a sua presença e às vezes até seu cheiro, mas ele hesita o toque, e some. Isso me deixa vazia e pensativa, talvez não fosse o momento oportuno para o toque, já que tal ato acarretaria mudanças. Que mudanças? Ora... do roteiro fadigado, da monotonia, da felicidade infeliz. Toda essa epopéia, que ocorre em fração de segundos são apenas sinais que ao mesmo tempo acalenta e causa esperança. Esperança não é legal, ela é a primeira que mata e não a última a morrer, além disso, te impõe uma liberdade condicionada, que é o próprio conformismo! Fujamos do amor hábito! 




Um comentário:

“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...” (Dostoiévski)