Fernando Pessoa escreveu em seu Livro do Desassossego, que a condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade, toda a ação é a projeção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projeção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alheio, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir. Para agir é preciso que nós não figuremos com facilidade às personalidades alheias, às suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. Em outro momento, Pessoa afirma que o sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma. Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica.
Hoje eu queria, na música "admirável chip novo", ter olhos de robô, parafuso e fluído em lugar de articulação, pensar que em vez de coração há uma pedra, tudo programado.