Uma efêmera Tempestade

Ela atravessa a rua com passos largos e a cabeça cheia de ideias. A ansiedade consome o seu ser a cada segundo de espera do lado de fora da porta. Pronto. A porta abre, ela sente um emaranhado de sensações. Expectativa. Dentre todas as sensações se sobressai a VONTADE. Queria mesmo era correr dali e ir para um outro lugar, mas não qualquer lugar... um lugar proibido. O que é um lugar proibido? Uma rua? Uma casa? Um porto? Um bar? Uma cama? Chegou a hora, não de ir para casa... mas de despejar toda vontade acumulada. O coração dispara, quase sai pela boca... Espera na sala. Uma espera que não finda... Inesperadamente, encontram-se. Ela procura nos gestos dele qualquer bandeira e no sorriso, algum sinal. Resistência, para quê?

Encontram-se, entregam-se... deixam escapar segredos.

Ela me surpreende muitas vezes. Tem um jeito manso... misterioso, mas também animalesco, parece saber o que quer, é cautelosa. Confusa? Talvez... mas eu sei que no fundo sabe o que quer. Eu sei que ela sai a passos largos por aí, só para roubar cada instante dos preciosos momentos de solidão dele. Fica atenta ao som da sua voz... doce e forte, e apesar de se ver na fala dele, não entende suas atitudes. Quem sabe são parecidos, e de uma forma ou de outra acabam se entendendo. No mais, até que a "dona da história" apareça, eles deliciam-se e ao mesmo tempo se divertem procurando possibilidades de uma conquista arrebatadora. Os risos misturam-se ao relembrarem os próprios desencontros, os amores imperfeitos, tudo é tão natural...
Bandeira me inquieta... pra quê procurar uma alma gêmea se a língua dos corpos expressa o desejo? Esse desejo que nada mais é que "o necessitar", instinto inerente de todo ser humano e que convenhamos, se manifesta de uma maneira muito mais interessante e até harmônica. Os corpos falam por si sós, "Deixem a alma para Deus".
Ela já se rendeu a muito tempo... fica numa louca procura pelo ópio, que nada mais é que o gosto e o cheiro do corpo dele. Não é proposital, e se existir acaso só assim posso entender o retorno dela, seja a passos largos ou não.


3 comentários:

  1. se permita o que existe entre vcs esses instantes, nem todo mundo tem a oportunidade de conhecer alguem assim.Tem gente que vai morrer e não viver o que vocês vivem nem por um unico instante, e deixa pra lá o medo de sofrer, em tudo que agente faz na vida tem riscos, se permita!!

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  2. Adorei...como sempre cada vez esta escrevendo melhor...e com personalidade.

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  3. Oi, além de linda vc escreve muito bem. Invadi teu orkut e encontrei esse tesouro. Joyce, parabens, estarei aqui mais vezes.

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“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...” (Dostoiévski)