O vestido de noiva


Alessandro não passava dos dezoito anos, usava um boné cinza, e do seu lado eu poderia ter toda a segurança do mundo! Eu gostava daquela marca que ele tinha perto do olho esquerdo. Ele era o meu amigo especial (como falam os mórmons) e a gente se dava muito bem, isso o fazia diferente dos outros garotos. Era uma mistura de amizade e amor, quando falo "amor" é no sentido mais puro, mais casto. Era motivante acordar cedinho e ir de bicicleta pro colégio, só porque eu sabia que ele estaria lá me esperando para voltármos juntos. No caminho apostávamos corrida e de vez em quando ele me deixava ganhar. Era tão bom... poderíamos ser bons amigos hoje. Nós tínhamos muitos amigos em comum, uma galera boa, que gostava de se reunir a noite na calçada, brincar de detetive e ladrão, jogar baralho, bola e outras tantas vezes conversar horas a fio... A gente era assim, simples e feliz, parecíamos viver numa redoma pois compartilhávamos dos mesmos ideais, das mesmas vontades.
Um dia nós crescemos, descobrimos que além de existir um mundão lá fora para desfrutar, haviam outras pessoas especiais, outros sentimentos alguns bons, mas outros muito ruins...
Essa noite eu voltei num tempo que eu poderia ter escolhido pra mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...” (Dostoiévski)