O grande galanteador

Eu o admiro muito.
Ele teve opotunidades incríveis, aproveitou todas e nunca deixou-se adaptar. Hoje, conversamos sobre anos 1960/70, música, política e religião. Ele é uma grande influência. O que mais gosto são seus conselhos. Entre eles, o grande galanteador atenta para a satisfação dos meus desejos, que segundo ele, é um direito meu e uma obrigação. Ele fala que eu preciso ter uma casa (isso ja sei que esta mais que na hora), com jardim e filhos, o fato dos "filhos" não quer dizer "casamento". Ele lamentou eu não ter ido para São Luís, que seria uma ótima oportunidade de conhecer algo novo e me falou que eu devo viajar sempre, nada é impossível com planejamento.
Amar, amar pra valer. Mesmo correndo o risco de quebrar a cara, pois a vida sempre reserva boas surpresas. Pessoas incríveis aparecerão e deixarão uma nostalgia, que me fará rir sozinha. Devo ter cuidado para não correr o risco de envelhecer dizendo "Ah, se eu tivesse feito...". 
Sexo sempre, com uma pitada de consciência e responsabilidade. Não se preocupar com o que as pessoas pensam e falam sobre a minha pessoa, afinal elas vão falar mesmo de qualquer jeito, além de inventarem detalhes desnecessários. 
Os manuais falam que devo casar com alguém parecido comigo, segundo ele, isso seria a maior chatisse... se eu for um dia casar, que seja por qualquer outra coisa, menos por segurança, carinho ou status. Nesse caso eu devo pedir ajudar ao meu olfato, rs... que sempre diz a verdade quando o assunto é "o outro". Então aí vai um conselho: acredite no nariz e desconfie da visão, rsrs.
E sempre, sempre... lembre-se dos seus amigos, e respeite e ame seus pais.

Aos 28 do segundo tempo

Bem longe das muralhas invisíveis que cercam a cidade, vou procurar um pouco de ar. Percorro uma estrada quase bucólica, esqueço por minutos quem sou e o que faço. Viajo para acabar com a vontade e com o vazio desnecessário que invadiu essa tarde. Logo à diante esta meu destino, é hora de deixar minhas ilusões para um outro momento.
A casa é simples. Ela assiste um filme bizarro na TV enquanto ele se encarrega de um serviço doméstico. Parecem fadados à rotina, numa monotonia que parece perpetuar-se. Nossas conversas são censuradas, ora pelo meu comportamento e ideias, ora pelo passado obscuro dela. Sussurramos na cozinha intimidades picantes, e no caso dela, segredos que transpareciam um certo saudosismo. Decidi comprar algo para bebermos, ela fez ovos de codorna. A conversa estendeu-se noite à dentro, e todo esse tempo fiquei a observar o seu jeito de sentar, vestir, pentear-se... o jeito de falar da própria vida. Não havia mais viço naquela mulher! Outrora enérgica, cheia de planos, pressa para realizá-los... tudo acabou-se.
E o que lhe resta é a "doce vida" do lar. 
Num instante lembrei daquele fragmento de "On the Road", mas só lembrei.
Enquanto isso, do outro lado da cidade uma mulher diverte-se. Ela bebe vinho às escondidas numa esquina na companhia de um homem interessante e complicadíssimo, ela adora aquele perigo, eles riem, debocham dos outros mortais, evitam ser reconhecidos percorrendo os becos escuros da cidade, ato que desperta ainda mais o prazer de estarem juntos. Aquele pecado faz todo sentido... interessante condição: enquanto praticam a transgressão, o proibido... essa eventualidade torna-se o paraíso. Dois corpos que nada mais querem além de empreender uma fuga daquela vida regrada, exposta, efetiva, "normal", porém... vazia, miserável, carente.
Saí dali mais confusa do que quando cheguei. Aquelas duas vidas se completavam?
Estou aos 28 do segundo tempo. E ainda gosto de observar a vida ao meu redor, talvez já esteja ficando tarde para observa tanto e deixar que minha própria vida passe diante dos meus olhos. Reconheço minha irresponsabilidade e descaso em relação às minhas tomadas de decisão, acontece que hoje eu só quero viver, simplesmente viver, dia após dia.
Sinto que aos poucos, minhas opções de condicionar o que chamam de felicidade, vão se esvaindo. Já nem sei usar a palavra amor. Mesmo assim quero viver "a" história, que pode ser breve ou longa, feia ou bonita, romantizada ou não, mas inesquecível e intensa, com todas as suas dores.

Depois de você.

A tua presença cativa e incomoda.
Imagine os ventos do norte soprando depois de um mergulho no mar:
Primeiro vem o prazer, e depois, ao sair da água, o frio...
O primeiro ato é abraçar-se, mesmo assim o corpo todo treme.
Falta algo.
Isso acontece quando você me deixa,
Quando me solta, quando me deixa à toa...
Que maldade deixar-me tanto tempo longe de você!
Quanto tempo? Sim, uma noite é muito tempo para quem tem vontade.

Depois de você, para quê poetas e canções de amor?
Depois de você, tudo vale a pena,
Tudo faz sentido, tudo é permitido (entre nós dois).